quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Mostra de Cinema São Paulo (Carlos)
Carlos
Olivier Assayas quando filmou Carlos, em três episódios para uma minissérie na TV, possivelmente não pensava que viraria um filme único de intermináveis e cansativas 5h30min, numa sequência sem intervalo de 330 minutos, com um som torpedeado pela microfonia, praticamente inaudível, a partir do último episódio na sessão das 18h30min, do Cine Sabesp, fazendo com que mais da metade dos espectadores fossem embora irritados e sem nenhuma vontade em retornar.
O longa-metragem tem por enfoque principal contar a história da vida de Ilich Ramirez Sanchez, adotando como codinome "Carlos" o Chacal (Edgar Ramirez- ator venezuelano de muito boa atuação), tendo por ídolo "Che" Guevara, com formação marxista, mostra um revolucionário que defende a causa da Palestina, tendo como seu epílogo "profissional" justamente a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, perdendo sua utilidade e seu aproveitamento por países que agora vêm se alinhar aos EUA, para um dos terroristas mais procurado no mundo por duas décadas, após diversos atos sanguinários, entre eles o incrível sequestro de 11 ministros de diferentes países numa reunião da Opep, em Viena, no ano de 1975.
A saga de Carlos começa com sua atuação para um líder muçulmano da Frente da Libertação da Palestina, a serviço do Iraque, terminando na sua captura no paupérrimo país do Sudão, para cumprir pena perpétua na França, tendo em vista seus atos terrorista com morte em solo francês. Já em Londres, no ano de 1974, tenta assassinar um homem de negócios, no início da sua trajetória de muitas mulheres, assassinatos e envolvimentos com políticos poderosos de países interessados em seus "serviços" de prática de atos terríveis com mortes e feridos graves.
O terrorista é apresentado não como um líder positivo, nem como um monstro, mas como uma pessoa de carne e osso, com diversos defeitos que se somam ao seu caráter no mínimo duvidoso e personalidade dura e forte, transigente às vezes e definitivo e fulminante em outras, como em eliminar seu colega palestino André. O novelo começa a se dissipar logo, para se saber quem era este personagem da história moderna de várias identidades e persuasão junto a ministros, presidentes e pessoas poderosas interessadas no mundo do petróleo, deixando como pano de fundo a luta pelo estado da Palestina, quando começa a receber muitos milhões de dólares, pela negociação com a Argélia no sequestro dos ministros em Viena.
Assayas que vem de uma obra-prima como Horas de Verão (2008), não consegue com Carlos atingir o mesmo grau de intensidade política e clímax, como de Costa Gravas, em Estado de Sítio (1972) e Roman Polansky com O Escritor Fantasma (2010), filmes bem mais enxutos e incisivos, deixando a plateia atônita e interessada, o que não acontece com Carlos, onde o filme é dispersivo, sonolento, repetitivo e muitos espectadores abandonam a sala, diante da exaustão e falta de um ritmo mais frenético e trepidante.
O grande pecado de Carlos é a edição, pois este filme poderia ser reduzido com a maior tranquilidade para no máximo 2h30min, sem perder o conteúdo e a reflexão. Ou seja, ganharia em movimentação e atenção. Ainda assim consegue ser um bom filme, que conta uma história real com flashback de cenas reais mal aproveitadas, embora com um bom elenco e uma trilha sonora adequada, faltou o diretor ter fincado pé e exigido para que no mínimo fosse dividido o filme em dois longas, adequando a linguagem e a duração de TV para o cinema.
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