terça-feira, 11 de março de 2025

Anora

 

Conto de Fadas Agridoce

A comédia romântica com ingredientes de pitadas de sarcasmo e alguma dosagem de bom humor Anora foi a vencedora do Festival de Cannes no ano passado. Voltou a ser a dona da noite no Oscar deste ano, abocanhando cinco estatuetas: melhor filme, direção, atriz, roteiro original e montagem. Escrita e dirigida por Sean Baker, que tem em sua filmografia realizações menores, de pouca expressão, tais como Red Rocket (2021), Projeto Flórida (2017) e Uma Estranha Amizade (2012). Possivelmente nem o próprio cineasta aguardava tanto sucesso em tão pouco tempo, sendo oscarizado discutivelmente como Melhor Diretor, para ele que sempre foi um realizador menor. Também a atriz Mikey Madison no papel da protagonista que empresta o nome ao título do longa-metragem, mas que se apresenta como Ani. Certamente não esperava ser recompensada com a láurea de Melhor Atriz no Oscar, superando as favoritas Fernanda Torres, sem qualquer patriotada, foi disparadamente superior as suas concorrentes pela atuação antológica em Ainda Estou Aqui; e Demi Moore, sempre candidata e nunca leva nada, embora desta vez não dê para se dizer que houve uma grande injustiça, pois sua interpretação em A Substância foi apenas protocolar.

A trama foca numa profissional do sexo norte-americana, que dança e faz companhia a homens carentes de afeto e luxúria, inspirada em Uma Linda Mulher (1990), sendo estrelado por Julia Roberts e Richard Gere. Que diferença! A atuação de Madison está de acordo com sua personagem jovial e ingênua, não decepciona, mas também não encanta. Mostra boa naturalidade ao interpretar a garota de programa que trabalha numa boate com muitas luzes neon, xingamentos, disputas com as colegas, na busca de clientes de um mundo com realismo, na região do Brooklyn, nos Estados Unidos. “Eu estou sempre feliz”, diz Anora, como uma voz ressonante de pura ironia ou de uma alienação completa no mundo em que vive. Ali há muita solidão, pouca compreensão e um total distanciamento dos membros familiares em completa distopia. Como num conto de fadas onde a Cinderela atinge o ápice da felicidade ao tirar um prêmio monumental que a torna independente ao conhecer um príncipe encantado rico que se apaixona pela menina pobre. O encontro ocasional irá mudar sua vida em uma noite normal como outras quaisquer, mas que jamais será repetida. A garota descobre que pode ter sido premiada pelo destino ingrato até aquele momento. Acredita que encontrou o seu verdadeiro amor e que não precisará mais passar pelas humilhações na casa noturna.

O enredo anda rápido e logo o filho de um oligarca, o herdeiro russo Ivan (Mark Eidelshtein), em férias nos EUA, é o cliente que ela encontrou por acaso. Depois de muito sexo, apenas com intervalos para o garoto jogar videogame, ele acaba pedindo ela em casamento. Tudo muito acelerado, como a vida do casal e os impulsos do cotidiano. Mas nada é para sempre nos melodramas de realizadores que precisam achar saídas imediatas. O matrimônio sofre uma ameaça contundente dos pais do rapaz que entram em cena para desaprovar a relação. Um dos motivos alegados seria o fato da atual nora ter um passado nada compatível para os padrões rígidos de uma Rússia austera. Truculentos capangas são enviados à terra do Tio Sam para acabar com a lua de mel dos pombinhos. Cenas previsíveis se sucedendo, até que um armênio, por mais uma ironia do destino, consegue colocar em ordem a bagunça festiva dos jovens apaixonados. Uma alegoria das brigas entre os norte-americanos com os russos, mas tudo de maneira folclórica, de pouca inspiração, por vezes descambando para uma comédia pastelão. Primeiro com a fuga, e depois na busca incessante do herdeiro arrependido pelos serviços sexuais proporcionados ou coagido pelos pais para se separar. Nem ele sabe a razão.

O longa-metragem retrata no desenrolar uma tempestade diante da realidade opressora de uma família ligada ao tráfico de armas, pela desigualdade social. Mas como ponto positivo do roteiro está o completo descaso com os jovens, que salva o filme da derrocada. A ausência de carinho e amor são marcantes na vida do rapaz, com uma idade mental de uma criança ou de um pré-adolescente. Paga para ter prazer e um pouco de atenção, tendo em vista que seus pais separados só se uniram para desmanchar seus raros momentos de felicidade. A garota sequer sabe onde estão seus pais, num diálogo revelador com o futuro marido. Menciona apenas uma irmã que tem por hábito tirar seus namorados. Não há vínculos afetivos familiares, deixando estampada uma solidão devastadora numa típica juventude da geração Z. Deixa transparecer uma total falta de objetivo, tendo seus anseios e o futuro voltados para o universo da internet e redes sociais como salvaguardas, divide-se entre o mundo virtual e o real. Ele parece um zumbi à procura de emoção e afeto constantemente. Ela simboliza uma Cinderela deslumbrada num ambiente de luxo e ostentação.

Em Anora tudo soa como um mero discurso vazio, que não convence diante de temas relevantes e nada singelos. Faltou se debruçar nas importantes situações que acabam se perdendo no emaranhado de incoerências com diálogos minguados de aprofundamento ao ficar distante de um realismo de nossa sociedade. A relação amorosa fora do desnível social também não tem um mínimo de profundeza, que logo desaparece do cenário. O desfecho está mais para um prenúncio de novelão recheado de situações corriqueiras dos surrados clichês hollywoodianos, como a intervenção da decidida mãe, a submissão do inseguro pai no contexto de uma narrativa com pouca magnitude. Eis uma comédia romântica que flutua para o melodrama agridoce, com mais sal e menos açúcar. Abusa dos estereótipos ao abordar temáticas num mosaico arcaico de múltiplos temas. Perde a oportunidade de mergulhar em questões essenciais para reflexão do espectador. Há ausência de uma criação efetiva para um epílogo simplório, no qual há uma flagrante preocupação com a bilheteria como na redenção do símbolo da truculência. Uma obra comum e de pouca elevação neste misto de ingenuidade com esperteza apresentado no qual a previsibilidade de forma direta e didática torna-se um trunfo menor pela falta de inspiração e muita superficialidade.

segunda-feira, 10 de março de 2025

Flow

 

Alerta Climático

Vem da Letônia, um pequeno país situado no Mar Báltico entre a Lituânia e a Estônia, a leste da Rússia, o vencedor do Oscar deste ano na categoria longa de animação. Dirigido por Gints Zilbalodis, que também assina o roteiro em parceria com Matīss Kaža,. Flow teve um orçamento muito baixo, aproximadamente 3,7 milhões de dólares. Concorreu e superou outras produções gigantes do gênero, como Divertida Mente 2 (2024), de 200 milhões de dólares; Moana 2 (2024), orçado em 150 milhões; Robô Selvagem (2024), em torno de 78 milhões; e Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (2023), bateu nos 100 milhões de dólares. O filme começa com o um simpático gatinho preto sendo perseguido por uma matilha de cachorros e outros animais silvestres em disparada de algum movimento estranho na atmosfera que afetou o meio ambiente. Parece o fim do mundo, coberto apenas por vestígios da presença humana, como belas edificações abandonadas e monumentos suntuosos sem a presença de sequer uma pessoa por perto. O solitário felino mia desesperadamente em busca de socorro, mas depois se cala, enquanto é perseguido. Logo se depara com seu domicílio devastado por uma grande enchente que tem proporções destruidoras, como se fosse um tsunami que inunda tudo pela frente.

O protagonista enfrenta diferentes ameaças na sua sobrevivência, até que encontra refúgio em um barco, uma espécie de Arca de Noé, ou seja, a clássica referência de Gênesis, na Bíblia, que narra como Deus ordenou a Noé que construísse uma arca para salvar sua família e animais do dilúvio. Enquanto tenta fugir do infortúnio, outros animais se aglomeram na embarcação, como o cachorro bobão e empolgado em busca de paz; a enorme ave de rapina serpentário com suas garras afiadas; o primata lêmure com suas atitudes pouco convencionais ao recolher tudo para armazenar; e a dócil capivara sonolenta com demonstrações de pura alienação da realidade, sofre com seu sobrepeso para fugir, acaba causando cenas de suspense e tensão no precipício do qual tenta se safar. Mais adiante surgirá a enorme baleia que terá papel importante no inesperado epílogo, além dos multicoloridos peixinhos, que irão propiciar os inusitados mergulhos do gatinho para abastecer e alimentar seus companheiros, num gesto fraternal e de muita solidariedade, que demonstra empatia no qual muitas vezes falta nos ditos civilizados seres terrestres.

O passeio forçado que o barco povoado dá ao navegar com os animais em pânico, por paisagens místicas e transbordantes na busca da bonança. São os desafios perigosos para uma adaptação de um novo mundo em ebulição num cenário apocalíptico após a tormenta. Um alerta do nosso ecossistema atingido, decorrente das geleiras derretendo, das florestas com desmatamentos e ardendo em brasa. A natureza pune e se vinga das atrocidades que acompanham uma aventura nas ruínas de um planeta inundado e destruído. O filme mostra a ausência dos predadores humanos, restando os sobreviventes animais à deriva e se ajudando na tênue esperança de cada um. Encanta os espectadores ao mostrar um enredo impactante com boa proposta e sobriedade. Mesmo de forma simples, sem grandes retóricas, há o alerta climático, especialmente para a extinção de vidas, tanto no reino animal como dos terrestres solenemente alijados do contexto do diretor. Há o brado ecológico no sinal lançado de que muita coisa tem que ser feita, para se evitar uma tragédia ainda por vir sem precedentes, numa ironia fina e mordaz, contada com alguma ternura e situações típicas do cotidiano dos bravos bichinhos.

Flow faz um libelo contra a destruição de nosso planeta ao colocar na tela uma visão amarga da realidade presente ao flagrar com precisão as reações dos animais em apuros na luta pela sobrevivência. Uma narrativa magnífica dos problemas no qual o realizador dá asas à imaginação ao transformar uma situação de uma catástrofe ambiental numa envolvente história para o nosso futuro. Há significativa mudança de rumo para um surrealismo sutil numa construção alegórica que beira por vezes a inverossimilhança para perceber alusões e referências ao nosso tempo. Eis um dos grandes momentos do gênero, quando se opta pela ausência de diálogos, apenas com o gato miando, os cães latindo, sem personagens de clichês imitando os humanos, nesse aspecto há uma sintonia de universalidade. As exceções são dos sons dos rugidos do próprio meio ambiente convulsionado, valorizados pelas fascinantes imagens que soçobraram da tragédia planetária. Méritos para os ausentes discursos e recursos panfletários, embora haja contundência neste manifesto sobre a fúria devastadora da revolta implacável da natureza.

Uma aventura distópica que transmite um sinal vermelho urgente de preocupação pelos sentimentos e emoções dos personagens animais, sem aquele ranço das caricaturas recorrentes nas produções da Disney e da Pixar. O realizador mostra que todos têm um dever único de união, apesar de suas diferenças, caso contrário, a morte é iminente. São situações marcantes de um realismo incomum nos maneirismos das diversas espécimes, onde o olhar diz muito, com suas peculiaridades inerentes que envolvem a vida de um gatinho e sua desesperada luta para sobreviver após a grande calamidade. As avalanches das águas, os violentos ventos, as chuvas torrenciais, situações estas bem familiares de nossos tempos atuais, retratam um universo climático inóspito prestes a explodir, diante do cenário selvagem apresentado. Tudo conduz para um desfecho catártico e significativo do conjunto de elementos do mundo natural advindos dos animais decorrentes do ecossistema, diante dos desmandos e irracionalidades coercitivos do egoísmo e da intransigência de nossos governantes avessos ao diálogo conciliador. A resiliência felina surge como metáfora da luta de uma pequena esperança em uma minguada confiança no fim do túnel. Um futuro a ser debatido para se tentar salvar o planeta como recompensa de um período de muito sofrimento. Mesmo que pela fantasia criada pelo cineasta na relação do protagonista ao interagir com os outros animais e suas plurais diferenças. As referências, independente de espécie, ficarão ali marcadas pelo tempo e pelas adversidades inevitáveis nesta admirável obra com tintas fortes da tragicidade, passando pela solidariedade e resistência.

quarta-feira, 5 de março de 2025

Um Completo Desconhecido

 

Ascensão de um Gênio

Empolgante com muito frenesi e emoção à flor da pele, politicamente incorreto, assim é o recorte de 1961 a 1967 da cinebiografia Um Completo Desconhecido, que conta a vida e a carreira artística do singular cantor, compositor, pianista, escritor, ator, pintor e artista visual Bob Dylan. Interpretado por Timothée Chalamet (conhecido por Duna, Duna 2, Wonka, e Me Chame Pelo Meu Nome), ganhador do prêmio SAG Awards, entrega uma impressionante atuação com amadurecimento, mostrando-se um ator versátil em mais de um tipo de gênero. Encarna incrivelmente os maneirismos do astro, reproduzidos de maneira notável ao segurar o violão no palco com o uso constante de cigarros sempre fazendo a inseparável companhia nas apresentações performáticas. Dá vida e força ao seu personagem carismático que ecoa nos shows e na atribulada vida, tanto pessoal como profissional. Demonstra invejável vigor físico e psicológico para uma construção despojada que atinge a exuberância com sua voz rouca, os trejeitos, o olhar hipnotizante, a afinação, sem tentar imitar, com o gestual e o visual característicos do biografado. Não poderia ser outro o intérprete para uma desenvoltura melhor no papel que se dedicou com fibra. Teve de aprender a cantar, tocar violão e principalmente manusear a icônica gaitinha de boca para evocar o inconfundível músico no cenário folk e rock.

Nascido em Minnesota em 1941, nos EUA, neto de imigrantes judeus russos, influenciou diretamente grandes nomes do rock americano e britânico dos anos de 1960 e 1970. Já na adolescência aprendeu sozinho piano e guitarra. Dylan explodiu com as canções Blowin’in the Wind (1963) e The Times They Are a Changin (1964), que se tornaram verdadeiros hinos dos movimentos pelos direitos civis. Ferrenho crítico da Guerra do Vietnã, com letras que incorporaram uma ampla gama de natureza política, social, filosófica e literária. Desafiou as convenções das regradas música pop através da contracultura onde o folk era majoritário, no auge de popularidade nas décadas de 50 e 60. Abraçou a causa das tensões dessa época na busca da liberdade contrastando com a indústria e seus próprios fãs. O filme mostra o astro e toda sua admiração pelos ídolos roqueiros Johnny Cash (Boyd Holbrook), Little Richard e Buddy Holly. Também admirava o pioneiro da música de protesto Pete Seeger (Edward Norton), e expressa uma idolatria pelo lendário cantor folk Woody Guthrie (Scoot McNairy), a quem foi visitar no hospital em Nova Iorque, já com a saúde debilitada.

Um Completo Desconhecido merecia ter melhor sorte na premiação das oito indicações ao Oscar, tendo saído injustamente de mãos vazias. O diretor e roteirista James Mangold traz em sua filmografia Garota Interrompida (1999), Johnny e June (2005), Os Indomáveis (2007) e Logan (2017). Acerta ao realizar a cinebiografia num recorte dos anos de 1960 com o jovem promissor de apenas 19 anos, que desembarca de um ônibus em Nova Iorque em busca da ascensão e do estrelato. Transita entre pontos de relevância ainda desconhecidos do passado. Mostra a importância da musa inspiradora e namorada Sylvie Russo, baseada em Suze Rotolo (Elle Fanning). Ela amargura cenas de ciúmes na dificuldade de lidar com a renomada cantora Joan Baez (Monica Barbaro, conhecida pelos papéis em Top Gun: Maverick, At Midnight e The Cathedral). A atriz está magnífica na pele da cantora com o magnetismo de seu olhar, mostrou talento e carisma da personagem que foi companheira pessoal e profissional, embora com uma relação de forma atribulada na carreira do biografado. Dividiu com Sylvie a vida amorosa de Dylan com seus vacilos e hesitações do cotidiano no triângulo, mas que não o impediram de partir para o topo das paradas. O enredo foca a trajetória dos pequenos bares, salas de concertos, culminando na inovação com o rock and roll elétrico no Festival Folclórico de Newport em 1965, mesmo com a controvertida apresentação, foi um dos cruciais momentos transformadores da música do século XX.

Eleito em 2004 pela revista Rolling Stone o sétimo maior cantor e o segundo melhor artista da música de todos os tempos, ficou atrás somente dos Beatles. A canção Like a Rolling Stones (1965) foi escolhida como a melhor de todos os tempos de um dos maiores fenômenos da história da música. Vendeu mais de 125 milhões de álbuns, recebendo, em 2012, a mais alta honraria civil dos EUA, a Medalha Presidencial da Liberdade. Primeiro e único artista na história a ganhar o Nobel da Literatura em 2016, o Pulitzer, o Oscar, o Grammy e o Globo de Ouro. Não é uma cinebiografia definitiva, sequer dá toda esta riqueza de detalhes e fatos mencionados. É para sorver as canções fascinantes de Dylan, e também degustar as canções de Baez, especialmente quando a dupla canta It Ain’t Me Babe (1964). O resultado não poderia ser melhor para deleite do espectador, fã ou não, nesta imersão que beira ao sensorial nos 140 minutos que passam voando. Há uma reflexão daquele período turbulento nos EUA, com os assassinatos do presidente John Kennedy, em 1963, e do líder ativista e pacifista Martin Luther King, em 1968, na defesa dos direitos civis e da causa dos negros, na qual as canções são mostradas dentro de um contexto social conflitado.

O epílogo não apresenta grandes surpresas pirotécnicas, mas tem um desfecho digno de um comovente filme com cenas marcantes de diálogos significativos que não se deixa levar por pieguismos baratos. Tem um clímax que funciona muito bem através de um elenco coeso e com atuações encantadoras, em especial, da dupla central, com um alto nível de refinamento que solidificam as atuações como admiráveis, e sem reparos. Um filme para todas as gerações, que humaniza a posição do protagonista numa época difícil. Há uma árdua superação que resulta no profundo desabrochar pela metamorfose rumo à fama. Sem os estereótipos dos grandes ídolos vistos em várias realizações, sendo outro ponto importante a ser destacado. Outro ingrediente meritório está no cardápio apresentado de belos hits e algumas figuras folclóricas apresentadas. Advindas das inquietações constantes, há uma quebra de paradigmas de comportamentos, cultura, subversão e evolução neste registro histórico da sincronia importante do legado do artista. Um passeio pela trajetória de fatos que marcaram a existência de um gênio entre prós e contras, alegrias e dissabores, mas sem aquele ranço viciado de simplesmente contar uma história recheada de futilidades das celebridades numa narrativa intensa e arrebatadora.