domingo, 3 de maio de 2009

Divã



















Catarina no Divã

O filme Divã, de José Alvarenga Jr., segue uma linha convencional do cinemão, dirigido e visando estritamente o público feminino.Típico para ser assistido com muita pipoca engordurada e latinhas de refrigerantes abertas com estampidos perturbadores de concentração para um filme mais sério. Peca pelos seus clichês repetitivos e suas piadas sem qualquer graça. Não é à toa que dirigiu os filmes de Xuxa e da Turma dos Trapalhões. Ali, é sua área e sua profundidade da água num pires.

O filme começa com a peruca do padre sendo jogada no chão, na cerimônia de casamento de Mercedes, interpretada por Lilia Cabral, com boa atuação, porém quase caricata. Cena típica e clássica dos clichês abundantes nos filmes da Turma do Didi & Cia.

As andanças pela cozinha como uma péssima cozinheira também são desastrosas para o pífio diretor Alavarenga Jr., que não consegue se desvencilhar da personagem Catarina da novela A Favorita, passada há alguns meses. Lília Cabral se confunde entre Mercedes criada no livro de Martha Medeiros com a personagem global que apanhava do marido e depois se envolveu com romances frustrados. Como a direção é fraca e sem pulso, o filme deriva como um barco perdido em alto-mar.

Os relacionamentos de Mercedes/Catarina com dois jovens interpretados por Cauã Reymond e Reinaldo Gianechini são fugazes e sem glamour. Apenas passaram sem deixar qualquer vestígio. Falta o despojamento e a incursão pela alma dos personagens, tudo é muito vago e pueril, com Mercedes sentada na frente de seu analista e confessando suas amarguras como se estivesse num campo de futebol num dia sem sol. Tão frágeis como seu casamento com seu marido, protagonizado por José Mayer, em atuação efêmera.

Divã chegou a ser comparado de forma precipitada e equivocada com o ótimo filme de Martin Ritter, Querem me Enlouquecer, bem como a personagem de Lília Cabral teve referências com Gelsomina de Fellini, numa heresia inominável. Enfim, um filme para sessão pipoca, sem intenção de reflexões profundas da alma e anseios da mulher. É uma película que logo dormitará no esquecimento, diante do vazio da abordagem.

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