quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Waldick, Sempre no Meu Coração
Brega com Carinho
Patrícia Pilar é uma pessoa iluminada e de uma estrela que nunca quer se apagar. Tem uma beleza estonteante, sendo uma das atrizes mais lindas mesclada com um talento invejável, quando atua na TV ou nas aparições esporádicas no cinema. Recentemente, arrasou no papel da vilã Flora numa das últimas novelas da Rede Globo. Tem chances até de se tornar a primeira dama do Brasil, caso seu marido Ciro Gomes, bem cotado no cenário nacional, venha conquistar a Presidência da República, como sucessor de Lula. É um dos paparicados do atual presidente e a bela loura poderá dar luzes fashion em substituição a dona Marisa.
Pois agora Patrícia Pilar dirige seu primeiro filme, em forma de documentário, com um resultado satisfatório. Mostra sensibilidade em Waldick, Sempre no Meu Coração, dissecando a trajetória deste ícone da cafonice, atualmente chamado de brega, conforme ele mesmo admite no filme, embora prefira a classificação de um poeta romântico. Para quem se lança no mundo do cinema, por trás das câmeras, com seu primeiro trabalho, fica um gosto de quero mais e qual seu próximo trabalho, diante da estreia alvissareira.
A sensibilidade na condução do enredo é contagiante, logo nas primeiras cenas aparece o controvertido cantor dentro de um carro relatando sua vida, suas amarguras e suas inquietações. Não há espaço para lamúrias ou melodramas, afastando todo o sentimentalismo barato, Waldick vai logo dizendo que se inspirou no personagem Durango Kid dos velhos faroestes americanos, que usava roupas com uma capa preta. Adotou também óculos sempre pretos como um estilo próprio e uma maneira de viver como os míticos caubóis.
Admite que tem a fama de mulherengo, beberrão e um homem que apesar de seus sentimentos de um eterno apaixonado nunca se prendeu por muito tempo ao lado de uma mulher. Deixou o sertão da Bahia aos 27 anos para buscar a fama numa profissão digna em São Paulo, pois se cansara do garimpo. Prometeu ao seu pai que só voltaria se vencesse e por isso voltou para a terra natal, embora tenha passado maus momentos no início, aliás como em todos os relatos de famosos.
Waldick diz, sem nenhum constrangimento, que a procura da inspiração está exatamente na tristeza e nas lembranças de saudades como sendo esta a palavra mágica que mais lhe dói. Estar na "fossa" lhe dá vazão para criar e deixar nas canções suas dores de cotovelo de perda e paixão. A felicidade para ele é a busca de uma outra canção ou de uma outra mulher. A volúpia pelo novo contrasta com seu perfil conservador, mas joga tudo isso para o fato de ser um poeta que tem na busca incessante uma fonte sempre mais adiante.
O encontro com o filho está bem dosado, embora haja mágoas dos dois lados, prevalece a voz forte do pai Waldick cobrando a presença do rapaz nos seus shows, como se esse fosse o ausente, sem arrependimentos ou choradeiras. O filho ainda tenta se explicar, mas o corte se faz necessário e a vida continua. Patrícia demonstra conhecimento estético e se impõe como diretora, as elipses são sempre na hora certa. Não há bruscas interrupções e a leveza como conduz este belo documentário se insere como um dos filmes bem aceitos pelo público, pois faz por merecer, diante da suavidade e da finesse como conduz e tendo no centro uma personagem tosca repleta de bravatas.
A reverência da vida e obra ficarão documentadas, embora o filme não se preste para desfilar músicas intermináveis, o que é um acréscimo a mais para a película sobre este romântico baiano morto de câncer em 2008, logo após as gravações finais, que deixou um enorme número de fãs e detratores.
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