sexta-feira, 26 de junho de 2009

Tinha que Ser Você

















Previsível e Monótono

Há filmes que tem uma boa temática, mas se deixam fisgar pelos lugares-comuns e pela previsibilidade, sem buscar um aprofundamento nas questões de relacionamentos entre pai e filha, ex-casados, padrastro e enteada. Um filme típico de tais situações é a comédia romântica Tinha que Ser Você, de produção EUA/Inglaterra. O diretor e também roteirista Joel Hopkins bem que poderia ter se inspirado melhor e ter deixado a mesmice de lado.

Apesar de contar com atores de bom nível, o filme derrapa e afunda com todo o elenco, salvando-se tão somente Harvey (Dustin Hoffman) no papel de um pai que sai de Nova York para Londres, com o intuito de levar sua filha Susan (Liane Balaban) ao altar da igreja. Não conta porém com a escolha para a cerimônia religiosa do padrastro Brian (James Brolin) casado com sua ex-mulher Jean (Kathy Baker).

O imbróglio tem ainda a demissão por telefone de Harvey, um compositor de jingles para televisão na cidade americana, que fora alertado por seu chefe, que não poderia permanecer na capital inglesa nem um dia depois do evento religioso precedido pela frustrada recepção do banquete. Como perdera o voo, abandonara o jantar e comunicara que não iria mais no casamento da filha, decidiu espantar sua tristeza num bar. Evidentemente que apareceu do nada uma funcionária do Departamento de Estatísticas Nacionais chamada Kate (Emma Thompson) com outras dezenas de problemas, repleta de mágoas e amarguras da vida. Obviamente que brindaram suas desgraças juntos quase que em lágrimas. Tiveram alguns encontros como nos chafarizes da fonte do imponente prédio ao fundo; no belo rio de águas paradas e com embarcações descendo mansamente; dançaram na festa da filha; houve algumas frases de efeito, mas quase nenhuma reflexão sobre o fim do casamento, o divórcio que ia e vinha sem muita discussão e a fissura entre o pai e a filha que permaneceu com a mãe.

O relacionamento de Kate com sua mãe Maggie (Eileen Atkins) poderia ser melhor explorado, pois há uma nítida obsessão e doentia proteção da mãe em relação à filha, mas logo abandonado o questionamento matriarcal, diante da fragilidade do roteiro que se esboroa com facilidade. Faltou emoção e envolvimento na relação de Maggie com seu novo vizinho, um polaco que sempre faz um churrasco e a cena final, já dentro dos créditos, fica à deriva como um barco em alto-mar.

O tema do filme foi desperdiçado pela falta de talento e competência do diretor, pois não se pode imaginar um Dustin Hoffman perdido, jogado como um iniciante na dramaturgia, mas mesmo assim se segura e leva com dignidade seu papel até o fim. Emma Thompson está desastrada, sem convencer na representação de sua personagem, só poderia sucumbir literalmente, assim como James Brolin pouco faz do quase insignificante papel de padrasto bonzinho.

Eis um filme com razoáveis credenciais temáticas, mas conduzido sem um mínimo de maestria, vai ao encontro das velhas e surradas comédias românticas previsíveis, já no dia posterior cai no esquecimento do grande público fiel a boas realizações. Cabe um destaque para a bela fotografia, salvando a obra de um conceito dos piores.

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