Pedofilia na Igreja
Baseado em fatos reais ocorridos no ano de 2002, em Boston,
cidade do Estado de Massachusetts, no Leste dos Estados Unidos, o diretor Tom
McCarthy, de Trocando os Pés (2014),
consegue contar uma boa história que é um tema de preocupação para o atual Papa
Francisco nos cerrados gabinetes do Vaticano: os relatos cada vez maiores da
pedofilia incrustada na Igreja Católica. Através de um formato linear, a
narrativa tem uma estrutura em ritmo documental, que abdica dos recursos de
pirotecnia ou sensacionalismo barato, embora contenha algum romantismo na
profissão do jornalismo investigativo, como bem retratado no clássico do gênero
Todos Os Homens do Presidente (1976),
de Alan J. Pakula. Agora há o uso de celulares e computadores, distante dos
tempos das redações com máquinas de escrever e uma nuvem de fumaça de cigarros,
prende o público pelo desempenho sóbrio de um elenco coeso, através da
segurança do diretor no instigante Spotlight-
Segredos Revelados.
O drama aborda um grupo de jornalistas do famoso jornal The Boston Globe que estão mergulhados numa parafernália de documentos probatórios sobre diversos casos de abuso de crianças por padres da Igreja Católica. Inicialmente era um fato que não foi noticiado pela imprensa, pecado capital que merece reflexão, diante das circunstâncias apontadas na trama. Depois passou para treze e no desfecho chega a cento e trinta vítimas que não queriam falar por vergonha, humilhação e abalo psicológico. Com a troca de comando no jornal em 2001, Marty Baron (Liev Schreiber), ao assumir o cargo de editor-chefe, incentiva o grupo de incansáveis profissionais para buscar a informação correta e necessária de uma grave denúncia por reportagens especiais, após anos acobertada por influência política de famílias influentes católicas e personalidades interessadas em abafar uma repercussão negativa.
O drama aborda um grupo de jornalistas do famoso jornal The Boston Globe que estão mergulhados numa parafernália de documentos probatórios sobre diversos casos de abuso de crianças por padres da Igreja Católica. Inicialmente era um fato que não foi noticiado pela imprensa, pecado capital que merece reflexão, diante das circunstâncias apontadas na trama. Depois passou para treze e no desfecho chega a cento e trinta vítimas que não queriam falar por vergonha, humilhação e abalo psicológico. Com a troca de comando no jornal em 2001, Marty Baron (Liev Schreiber), ao assumir o cargo de editor-chefe, incentiva o grupo de incansáveis profissionais para buscar a informação correta e necessária de uma grave denúncia por reportagens especiais, após anos acobertada por influência política de famílias influentes católicas e personalidades interessadas em abafar uma repercussão negativa.
Por muitos anos, os líderes religiosos ocultaram os casos de
estupros e abusos sexuais, transferindo os transgressores sacerdotes para outras
regiões, ou colocando em clínicas com atestados médicos duvidosos, ao invés de
puni-los pelas insanidades dos crimes tipificados como hediondos. McCarthy dá
vida ao filme, mesmo que num desenrolar convencional, para desenvolver a trama de
Spotlight- nome da equipe editorial
responsável pelas matérias- em que três repórteres abraçam a causa com ardor:
Michael Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matty
Carroll (Brian d’Arcy James), com ajuda solene do editor Walter Robinson
(Michael Keton). Uma jornada para meses, anos, sobre a investigação de um caso
rumoroso, como também foi do mafioso James Bulger com o FBI, nos anos de 1990. Mas
a maior honraria à equipe foi ter vencido o prêmio Pulitzer, em 2003, pelas
reportagens que originaram o longa-metragem de McCarthy.
O cineasta coloca o espectador no interior da redação e o
interliga com a correria das ruas pelos profissionais para apurar e descobrir
os fatos novos, os entraves da burocracia no judiciário para liberar documentos
tidos como sigilosos, os vários acordos realizados pelas vítimas com a Igreja e
os embaraços da ética pelo advogado em relatar os conteúdos e valores assinados
extrajudicialmente. Dentro de uma atmosfera recheada de polêmica, eis uma apropriada
maneira de questionar e refletir sobre a complexidade do jornalismo
investigativo responsável. Como é feito pelos erros e acertos, a motivação para
justificar uma denúncia forte e perigosa, os riscos inerentes dos profissionais
que poderão sofrer o furo da matéria pela concorrência, além do hermetismo
hipócrita de uma Igreja ainda conservadora em parte, que não se importou com as
profundas cicatrizes que deturparam o psicológico de seus fiéis ludibriados por
padres que se utilizaram da fé para enganar e trapacear, uma temática
recorrente que foi o foco de outras duas realizações: Má Educação (2004), de Pedro Almodóvar, e o recente O Clube (2014), de Pablo Larraín, premiado
pelo Júri do Festival de Berlim no ano passado.
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