quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Rede Social



Rede Controvertida

A criação do website Facebook é o núcleo da trama, ao mostrar toda confusa, controvertida e renhida disputa judicial de uma das redes mais famosas do mundo, propiciando este fenômeno de bilheteria A Rede Social. Surge, então, toda a genialidade criativa daquele aluno da faculdade de computação de Harward, o nerd Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg, em atuação impecável e convincente, falando por compulsão como se estivesse programado por um computador). A direção é do emergente cineasta americano David Fincher, o mesmo do muito bom Clube da Luta (1999) e do discutível O Curioso Caso de Benjamin Button (2008). O longa foi baseado com adaptação livre do livro Bilionários por Acaso- A Criação do Facebook, de Bem Mezrich.

O drama repete incessantemente a fala do obstinado fundador Zuckerberg "nunca estará pronto, vai estar sempre crescendo", como seu lema de vida, logo após ter tomado um porre monumental pela perda da namorada, começa a se dedicar em sites de relacionamentos de intrigas e fofocas de colegas da universidade, colocando on-line as estrepolias de seus pares e as orgias eram jogadas nas telas sem pudor ou qualquer tipo de precaução, com truques realizados para atingir e ferir, não importando quem fosse o alvo.

Os gêmeos remadores Winklevoss (Josh Pence e Armie Hammer), embora estivessem sempre treinando nas belas águas do rio, pressentindo ali uma mina de ouro, trataram de se aproximar do nerd e deram a ideia da fundação de algo mais contundente como um site universal, supostamente os idealizadores do Facebook. Entra em cena em seguida o jovem brasileiro criado em Miami Eduardo Saverin (Andrew Garfield), como o administrador, pois sua formação é economia, vindo a alegar no judiciário ser o cofundador, pois seria também parceiro de Zuckerberg na empreitada. Mas tem ainda o cofundador do site de músicas Napster, o irreverente e mulherengo Sean Parker (o cantor popstar Justin Timberlake).

A Rede Social é um filme de estrutura simples e um ritmo acelerado, tendo na batalha judicial do brasileiro Saverin o fio condutor para trazer em flashbacks as negociações, armadilhas e disputas ferrenhas para a criação deste famoso website, tendo cadastrado mais de 500 milhões de usuários e um patrimônio avaliado em 25 bilhões de dólares, por isso as artimanhas e filigranas jurídicas são conduzidas em grande parte da película ao extremo, pois as amizades e as parcerias vão dando lugar para o ódio e o rancor daqueles garotos outrora amigos e colegas, todos estudantes de um universidade classe média alta.

O proprietário do Facebook é seguramente o jovem mais rico do mundo na atualidade e já é comparado ao bilionário Bill Gates dono da Microsoft. Não mede esforços e a ética fica para trás, parecendo que a frieza e seu estilo compenetrado e sério, com uma risada nervosa, pouco se importando para as consequências nefastas que vier a acontecer. Não tem escrúpulos e o pragmatismo é sua arma principal. Se tiver que tirar alguém de seu convívio, caso esteja dificultando seus negócios, faz qualquer coisa, até uma armação para a polícia invadir determinado local, onde rola uma festinha com muita bebida e droga, comandado pelo parceiro Sean Parker, que passara a ser um incômodo, a partir de determinado momento de sua ascensão.

Tanto o criador como sua rede social de relacionamentos não têm limites de crescimento, pois sempre superou as posteriores similares como Orkut, Twitter, MSN e outras. Porém, o preço é caro e as acusações de infidelidade e os direitos desrespeitados são a tônica do filme, ainda que muitas decisões judiciais fossem desfavoráveis a Zuckerberg, nada impediu a estratosférica consagração do Facebook, neste bom filme do cineasta Fincher, que certamente arrebatará muitos prêmios nas festas do Globo de Ouro e o Oscar, pois é uma típica obra hollywoodiana, nos moldes dos espectadores americanos.

Cabe ressaltar que agora com a repercussão mundial de outro site polêmico como o WikiLeads e a prisão de seu fundador Julian Assange, certamente alavancará ainda mais as bilheterias e as estatuetas virão aos borbotões, mesmo que seja uma obra apenas boa, sem maiores eloquências cinematográficas, destacando-se a bela trilha sonora de Trent Reznor, como um achado inquestionável, na magnífica cena da competição de remo na Inglaterra.

É um longa-metragem voltado para a ética e os desmandos, bem como o dinheiro se sobrepondo às amizades, o turbilhão dos negócios efetivados a qualquer preço e a ganância financeira como símbolo da prepotência humana, com causas e consequências irrefreadas no mundo e no universo do poder onipotente da internet, nesta virada do milênio, funcionando como um fonte arrecadora inimaginável.

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