segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Inimigo Público nº. 1- Instituto de Morte
Inimigo Francês
Agora virou moda com os filmes realizados em duas partes. Assim foi com Che (Steven Soderbergh) que passou a primeira parte há alguns meses e terá a sequência final a ser lançada no Brasil, provavelmente até o final deste ano. Já tínhamos visto outro filme sobre gângteres mitológicos, o correto Inimigos Públicos (Michael Mann), interpretado por Johnny Depp e Marion Cottillard, sobre a vida de John Dillinger, o inimigo público nº. 1 dos EUA, na época da Grande Depressão americana em 1929. Pois não é que a França também tem sua história para contar e o seu "herói" é Jacques Mesrine (Vicent Cassel) no filme Inimigo Público nº. 1- Instituto de Morte, que engordou 20 quilos para estrelar seu personagem, com direção de François Richet, tendo arrebatado três prêmios César na França - semelhante ao Oscar-, como de melhor diretor, ator e direção de arte. Ainda ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Tóquio. Foi rodado em 9 meses as duas partes.
Para não ser diferente de Che, chegou a Parte I e a Parte II virá no final do ano, mostrando as incursões no crime de seu gânsgter, com toda perseguição da polícia até seus últimos dias de vida por emboscada. Numa trajetória marcada por espetaculares fugas de prisões consideradas de alta segurança para a década de 60. Só resta aguardar as continuações das referidas segundas partes destes filmes.
O filme é uma cinebiografia do lendário bandido francês Mesrine, baseada em livro escrito na prisão pelo próprio protagonista. Filho de comerciantes bem-sucedidos, tem uma clara e manifesta aversão ao passado do pai, por ter colaborado com a Alemanha na Ocupação Nazista de Hitler na França. Agride com palavras sua mãe, mulher forte e com gênio dominador. Sua família próspera começa a se dilacerar com os pequenos roubos de Mesrine em Paris na década de 60. Entra para a Frente de Libertação da Argélia e na década 70 adere a um outro movimento de luta para libertar Quebéc do Canadá. Aflora seu sentimento libertário, a partir das torturas impostas pelo exercito francês contra os separatistas argelinos.
As lutas sociais de independência são o mote do filme, decorrendo daí os diversos assaltos para arrecadar fundos para as lutas e combates sociais, tornando Mesrine respeitado por onde anda, uma espécie de ícone libertário nos moldes de Ernesto "Che" Guevara, sobrepondo a vida pacata daquele homem nascido na pequena cidade de Clichy no interior da França. Mas há um mentor e conselheiro para seus atos subversivos, Guido (Gérard Depardieu), com personalidade cruel, ex-combatente frio e sanguinário, não perdoa traições e sequer demonstra algum tipo de arrependimento.
Há cenas deprimentes como a solitária da prisão, sofre torturas e vive em condições sub-humanas, lembrando em muito o filme estrelado, por Steve Mc Queem, no célebre Papillon. Sua vida é conturbada, mesmo não tendo o charme e o glamour de Dillinger, um apaixonado por sua bela graúna Billie Frechete em Inimigos Públicos, casa-se duas vezes, primeiro com a espanhola Sofia (Elena Anaya), com quem tem dois filhos, e, depois com Jeanne (Cécile de France), uma mulher que o segue na luta armada por seus ideais de libertação.
Há algumas irregularidades no roteiro, como na cena patética em que Mesrine retorna à prisão que fugira com um comparsa e tentam libertar outros presidiários, com muitos tiros e cenas que lembram os velhos filmes de aventura hollywoodianos, esquecendo que se deveria trilhar uma linha mais lógica e voltada para ruptura social e separatista. Porém, o que se vê está mais para velhas e surradas películas policiais americanas.
O longa não consegue decolar com naturalidade, faltando fluidez e sobrando superficialidades. Há altos e baixos na sequência, com indefinições de roteiro quanto a proposta a ser apresentada e desenvolvida. Fica tudo muito artificial, com o alijamento de uma profundidade do tema proposto. Parece que há uma preocupação em alicerçar e cimentar uma estrutura para a continuidade que haverá com a Parte 2. Só que o tiro sai pela culatra, pois afunda quando avança, tal qual areia movediça. Faltou definição, quem sabe poderá ser resgatada e venha surpreender na continuação.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário