Cinema Victoria Reabre Atividades
Uma ótima notícia para os cinéfilos: reabriu hoje o charmoso Cinema Victoria de Porto Alegre. Está ali, bem localizado no Centro Histórico, com entrada pela Av. Borges de Medeiros e pela Travessa Engº. Acilino de Carvalho (Rua 24 horas). Reaparece no cenário cinematográfico uma lenda do patrimônio da arte, um dos últimos cinemas de rua que foi empurrado nos últimos tempos para dentro de uma galeria. A trajetória começou com o cinema originalmente se chamando Vera Cruz, tendo sua primeira sessão em 04 de setembro de 1940, com a exibição do longa-metragem A Mulher Faz o Homem (1939), de Frank Capra. No início da década de 1950, fechou pela primeira vez, mas voltou a reabrir em 12 de setembro de 1953, com o nome de Victoria, exibindo A Dupla do Barulho (1953), de Carlos Manga, com Grande Otelo e Oscarito. Fechou novamente em 1998, reabriu em maio de 1999, vindo a fechar outra vez em 2018.
Foi ali que assisti meu primeiro filme na Capital gaúcha, o longa Um Certo Capitão Rodrigo (1971), de Anselmo Duarte, com Francisco Di Franco, Elza Prado e Pepita Rodrigues. Meu tio me levou pela primeira vez naquele suntuoso cinema, com uma entrada principal ao estilo de um teatro, todo atapetado em vermelho para um pisar macio, dois andares de cadeiras de madeiras chiques para se apreciar as películas da época, com uma sala de espera repleta de sofás e poltronas de couro, portarias com funcionários engravatados e nas laterais bilheterias com moças bonitas, elegantes e educadas, de cabelos presos e um sorriso afetuoso nos lábios pintados de um batom luzidio.
Havia uma bomboniere com as insuperáveis balas azedinhas e as imperdíveis gomas açucaradas e barras de chocolate ao melhor estilo da Neugebauer. Pipoca não era recomendável, não ficava de bom tom, lembrava pessoas ruminando. À vezes, os filmes paravam de repente para serem trocados os rolos, era um apetitoso momento para uma troca de beijos discretos e um tocar de mãos no escurinho da sala. Um bom local de referência para esperar a namorada e assistir em Cinemascope naquela imensa telona Tubarão (1975), de Steven Spielberg, O Vento Levou (1939), de Victor Fleming, Os Dez Mandamentos (1956), de Cecil B. DeMille e o badalado O Exorcista (1973), de William Friedkin.
No Cinema Victoria levava meus filhos para assistir comédias, suspense, dramas, aventuras, e quase sempre os infantis da Walt Disney, entre os quais Branca de Neve e os Sete Anões (1937), Cinderela (1950), A Bela Adormecida (1959), além de filmes de piratas, ilhas de tesouros, entre tantas opções. Reminiscências das lembranças à parte, fica o regozijo da reabertura de um ciclo que recomeça para o velho e icônico cinema de calçada, ou quase, pois foi redirecionado para dentro de uma galeria, mas bem dividido em duas salas modernas, poltronas confortáveis, sob nova direção. A dor sombria ao fechar pela última vez em 2018, agora dá lugar para a esperança do de um futuro promissor do velho novo Cine Victoria que reabriu hoje com o badalado filme Barbie, de Greta Gerwig, com Margot Robbie, Ryan Gosling e America Ferrera. Que nunca mais feche!
Um comentário:
Dr. Roni. Muito obrigada!! Vou passar seu blog para o pessoal do cinema. Fico feliz que o senhor aproveitou estes anos todos o Cine Victória!!! Abraços. Mary
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